domingo, 17 de maio de 2015

Compromisso emocional: o vínculo que cega

     Todos nós sentimos amor, amizade, desprezo e até ódio por algumas pessoas em nossas vidas. Esses sentimentos tendem a comprometer nossa objetividade. Não queremos pensar mal das pessoas que amamos, e não queremos ver nada de bom naquelas que odiamos. Para complicar ainda mais a questão, não gostamos de mudanças. Por segurança e conveniência, temos um compromisso emocional - conosco - de manter as coisas exatamente como estão. A mesma corrente subterrânea que nos leva na direção do status quo também deturpa nossa objetividade quando estamos decidindo se devemos mudar.
      Pode ser muito difícil manter a objetividade quando se está emocionalmente comprometido com o resultado específico. Quanto maior o compromisso emocional, maior a tendência a se comportar irracionalmente. É por isso que os conselheiros normalmente são contra a intimidade sexual até que o respeito mútuo, a confiança e a amizade estejam bem estabelecidas. Uma vez que o ingrediente poderoso e prazeroso do sexo tenha sido acrescentado a um relacionamento, tenderemos a desconsiderar até mesmo os defeitos básicos até que a paixão diminua. E aí poderemos estar bem adiantados no caminho de um desastre emocional. 
       Nem sempre é possível evitar decisões quando se está emocionalmente vulnerável, mas, consciente das armadilhas, pode-se desviar de muitas delas. Para começar, tente evitar as situações em que se sinta pressionado na direção de uma resposta específica. Nessas circunstâncias, você perderá a objetividade. E como resultado, tomará uma decisão ruim, e depois relutará em reconhecer seu erro, mesmo que ele se torne óbvio. Se entrevistar a filha de um amigo para um emprego, você poderá deixar de lado as deficiências fundamentais dela, porque não quer dizer ao seu amigo que a filha dele não está à altura. Se contratar o vizinho como seu contador, ou o companheiro de golfe como seu advogado, você tenderá a subestimar coisas que não aceitaria se não fosse a amizade. Sempre que os seus mundos colidem, você traz os compromissos emocionais de uma situação para a outra.  Se misturar negócios com prazer, o resultado pode ser bom, mas o mais provável é que seu desejo de que todos sejam felizes e de evitar o confronto faça com que você enxergue as pessoas equivocadamente.
      Outro modo comum pelo qual criamos compromisso emocional é reconhecido numa típica instrução de júri: ao iniciar suas deliberações, os jurados são instruídos a não expressar os sentimentos sobre o caso, até que tenham discutido. Quando as pessoas se comprometem publicamente com um ponto de vista específico, elas relutam em mudá-lo. Orgulho, teimosia ou medo de admitir que nos enganamos entram no meio do caminho. Se sua meta é ser objetivo ao avaliar as outras pessoas, não se precipite anunciando a seus amigos, familiares ou colegas de trabalho os sentimentos que tem em relação a alguém, antes de ter tido tempo para reunir a informação pertinente e pensar cuidadosamente sobre ela.
      Se você precisar avaliar alguém com quem está emocionalmente comprometido, pelo menos esteja consciente de que sua objetividade provavelmente será menor. (.......). Dê a você mesmo um pouco mais de tempo e de esforço antes de chegar a alguma conclusão definitiva. Pense se um amigo respeitado e em quem você confia poderia lhe trazer uma nova perspectiva. Faça o papel de advogado do diabo, perguntando a si mesmo como você veria a pessoa se não estivesse  tão envolvido na situação. Mesmo que não consiga eliminar a influência de seu compromisso emocional, você poderá minimizá-la usando uma ou mais destas técnicas.


Extraído do livro Decifrar Pessoas de Jo-Ellan Dimitius - Mark Mazzarella.
         

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