segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Aprendemos com a Natureza!

 
     Viver é perder as cascas continuamente!
 
      Há momentos da vida em que somos desafiados a perdê-las...

      Impulsionados a compreendermos a importância de caminharmos e de seguirmos em frente, deixando determinadas paisagens pra trás. Embora isso venha a nos custar alguns sofrimentos, já que o desapego nunca foi tarefa fácil de lidarmos, tendo em vista nosso ego se estruturar a partir de apegos e identificações...

       A compreensão reflexiva de que tudo passa, nos permitirá que avancemos para podermos nos abrir ao novo, ao desconhecido que, belamente, se nos apresenta de vez em quando e, certamente nos introduzirá outras perspectivas de apreciá-lo, mesmo que temporariamente...

       Contemplemos a Natureza, ela é sábia.  Está sempre se renovando, continuamente, a cada estação! Sempre perdendo e ganhando novas formas e cores! Viver é isso, é podermos nos permitir dar um passo a frente e, sentirmos o prazer da descoberta, uma chance a mais para
identificarmos e ampliarmos o nosso núcleo diante de novas e intrigantes paisagens...    
   

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A morte como consolo...

Assim como qualquer mortal, eu também esquento a cabeça com questões de difícil praticidade. Teorizar é moleza, mas como agir do mesmo modo que essas super-mulheres que a gente vê nas revistas e jornais, sempre bem resolvidas? Você acha que eu sei? Sei nada.

     Eu também me desgasto com assuntos mundanos, aqueles que nos atormentam dia e noite: sinto ciúmes, me constranjo ao negar convites, às vezes acho que sou severa demais com minhas filhas, às vezes severa de menos, não consigo ser tão solícita quanto gostaria, me sinto desatualizada em relação a tanta coisa, não sei direito a direção para qual conduzir minha vida, enfim, coisinhas que nos roubam alguma horas preciosas de sono.

     Como não faço terapia e não posso perder nem um minuto precioso de sono, já que normalmente durmo pouco, resolvi procurar um método pessoal pra relativizar meus pequenos grilos cotidianos. E encontrei um que pode parecer macabro, mas está funcionando. Quando estou muito preocupada com alguma coisa, penso: eu vou morrer.

     Óbvio que vou morrer, todo mundo sabe que vai morrer um dia, mas a gente evita pensar nesse assunto desagradável. No entanto, tenho pensado na morte não como uma tragédia, mas como um recurso para desencanar dos problemas, e então a morte se torna, ulalá, um paliativo: daqui a quarenta anos, mais ou menos, eu não vou estar mais aqui. O que são quarenta anos? Um flash. Todas as minhas preocupações desaparecerão. Nada do que eu sinto ou penso permanecerá, ao menos não para mim mesma - o que as pessoas lembrarem de mim será de responsabilidade delas. Eu vou evaporar. Sumir. Escafeder-me. Então para que me preocupar com bobagem?

    Diante da morte tudo é bobagem. Recapitulando os exemplos dados no segundo parágrafo: ciúmes? Ouvi bem: ciúmes? De quem, pra quê, se todos irão pra baixo da terra e ninguém sobreviverá para cantar vitória? Aproveite os momentos que você tem hoje - hoje! - pra desfrutar seus prazeres e não pense em perdas e ganhos, isso não existe, é pura ilusão.

    Os filhos nos amam, mas fatalmente reclamarão de nós um dia, não importa o quão bacana fomos com eles. Ser 100% solícita é coisa para Madre Teresa. Atualização pode ser importante para o trabalho, mas nem sempre para o nosso bem-estar. E, finalmente, seja qual for a direção que você der à sua vida, o que importa é que ela seja satisfatória hoje (repito a palavra mágica - hoje!) porque daqui a pouco você e suas preocupações virarão poeira. Até Ivete Sangalo vai virar poeira.

     Importantíssimo ( me descuidei, deveria ter colocado esse último parágrafo lá no início, mas já que vou morrer, dane-se): se você tem menos de 40 anos, desconsidere todas essas linhas dessa crônica. Leve seu nascimento a sério. Antes de 40, ninguém vai morrer. Essa é a ordem natural do pensamento humano. Pague seus impostos, preocupe-se com a direção que sua vida está tomando, morra de ciúmes, dê-se o direito a todas as cenas passionais e irracionais que incrementam seu script: não se entregue ao fatalismo. Honre o primeiro ato dessa encenação chamada vida.

    Porém, depois dos 40, apenas divirta-se e não perca tempo se preocupando com bobagens. Vai dar em nada.


Felicidade Crônica - Martha Medeiros - 8a. Edição.